O Pré-Escolar da Ramada - Um Sofá no Meio da Sala




Está a iniciar-se um novo ano lectivo, desta vez o 2018-2019, por todo o país - Odivelas não é excepção. Neste ano lectivo haverá um aumento de turmas do pré-escolar - legalmente definido como abrangendo crianças dos três aos cinco anos - por todo o país, Odivelas não é excepção. O que é excepcional em Odivelas é que muitas crianças com quatro anos feitos não conseguem vaga no sistema público. Note-se que se apregoa uma oferta de pré-escolar a partir dos três anos, quando nem as de quatro conseguem vaga. Que se apregoa Odivelas como um concelho amigo das famílias, um concelho acolhedor que oferecia manuais e agora os livros de fichas a todas as crianças do primeiro e segundo ciclos a frequentar o ensino público, mas que obriga as famílias com alunos em idade pré-escolar a recorrer às instituições privadas para deixar as suas crianças!
Odivelas é o segundo concelho do país com maior crescimento natural - o número de nascimentos supera o de óbitos - o que, num país e continente em envelhecimento, seria um bom sinal. Mas tal não acontece! Perante uma inversão de paradigma que podia parecer positivo, os responsáveis concelhios pela educação encolhem os ombros e viram a cara a uma situação que precisa de muita atenção.
Usemos como exemplo o bairro da Jardim da Amoreira, na Ramada, que é habitado principalmente por jovens famílias, tem imensas crianças em idade pré-escolar. As famílias destas crianças investiram nos seus sonhos e estão a morar num bairro pacifico, jovem, bonito, sossegado. Um bairro cujo coeficiente de IMI é dos mais elevados do concelho. É natural que assim seja, trata-se de um bairro novo com elevada procura imobiliária, bem servido de acessos e com um razoável serviço de transportes públicos. Perto de zonas comercias e do hospital e a poucos metros da EBJI dos Apréstimos. Não é difícil perceber a ligação da escola ao bairro - tanto pela sua arquitectura como pelas cores que ostenta. Mas o que é caricato é que as crianças do Jardim da Amoreira, mesmo as que já têm quatro anos feitos, não conseguem vaga na escola que têm à porta de casa. Quando saíram orientações para que a morada seja o critério principal de acesso ao estabelecimento de ensino, na EBJI dos Apréstimos há crianças de todas as freguesias do concelho a ocupar as vagas que - naturalmente - seriam para as crianças da área do estabelecimento de ensino.

O mesmo se passa um pouco por todo o concelho, com as famílias a ter de colocar as crianças longe de casa, muitas vezes em instituições privadas com o consequente rombo no orçamento mensal familiar. Compete à autarquia zelar pela resolução deste problema, abrindo mais turmas de pré-escolar de forma a dar uma resposta eficaz a quem ousou ter filhos neste concelho.

Ter uma escola ao pé de casa, pagar impostos municipais mais elevados por esse privilégio, mas não poder usufruir dela, assemelha-se a alguém que tem um sofá lindo, confortável e caríssimo ocupando um grande espaço no meio da sua sala, mas não se pode sentar nele.
Podem dizer-me que não se pode fazer mais do que o que já foi feito, mas eu não me conformo.  


Comments

  1. Sou de Odv não daí dessa zona meu filho esteve no particular ,agr como saiu a lei k ia haver apartir dos 3 anos assegurei no particular a vaga mas tbm o inscrevi na pública e graças a Deus entrou ,não na escola ao lado de casa mas uma das que pertence ao agrupamento

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  2. Passei por isso quando a minha filha tinha 4 anos. Na altura enviei mails para direção do agrupamento, vereação de educação, provedor de justiça, Dege Ministério de Educação. Todos me deram razão mas só me deram possibilidade de entrar numa escola do agrupamento de Odivelas e não o da Ramada. Recebemos o telefonema quando, no primeiro dia, íamos a entrar com ela na IPSS em que acabou por ficar durante todo o ano, porque já tínhamos dado a nossa palavra... foi um custo adicional Quanto aos critérios de colocação, se verificar, irá ver que o da área de residência é apenas o sexto ou o sétimo. o que é certo é que falta resposta da escola pública para uma Lei que o próprio Estado criou. Por isso, multiplicam-se os contentores nas escolas públicas.

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  3. Isso é o que dá um parque escolar desajustado às necessidades, onde houve anos de desinvestimento. Atualmente a maioria das escola de 1º ciclo já não serve nem as populações nem as necessidades educativas das crianças, e não é só em Odivelas, é um mal transversal a todos os grandes centros urbanos. Sem ovos não se fazem omeletas, é urgente um novo parque escolar, mas para isso teremos primeiro que saber que educação e escola queremos o futuro.

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  4. é fazer chegar isto a CMTV...

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  5. é fazer chegar isto a CMTV...

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  6. é fazer chegar isto a CMTV...

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