Ensino público vs Ensino privado - Dividir para reinar


Custa-me muito ver como os professores se gladiam em discussões que em nada dignificam a sua profissão. Para além de inúteis estas discussões têm ainda como consequência descredibilizar mais a profissão. O ministro da educação, Tiago Brandão Rodrigues, teve a ousadia de se meter com quem não se preocupa nem com a educação, nem com os professores nem com os alunos que tem, mas sim com o lucro assegurado que possa não ter.
Não se trata aqui de uma discussão entre ensino público e ensino privado, nem escola pública contra escola privada. A coexistência das duas é lógica e democrática. É com esforço que os pais investem na educação privada dos filhos, como é fácil perceber qualquer contribuinte está a contribuir para a educação pública - e é assim que deve ser - mas alguns, insatisfeitos com a resposta da escola pública, optam por colocar os filhos no ensino privado.
O que leva alguém a procurar o ensino privado é tão diverso quanto são diversas as opções educativas que se oferecem no mercado tanto em preço como em projectos educativos específicos - como a música, o desporto, ou os valores religiosos ou políticos. Mas a mais-valia para o ensino público é a garantia de segurança e atenção mais personalizada que estes estabelecimentos oferecem. Alguns alunos - e eu conheço vários - não se adaptam à oferta pública da sua zona. Porque vai parar a uma escola TEIP ou porque o aluno é demasiado tímido para uma população escolar de milhares de alunos os pais optam pelo ensino privado. E faz todo o sentido. E é necessário para o bem maior que temos enquanto pais: ver os nossos filhos felizes.
Não vamos confundir isso com ALGUNS colégios que fazendo parte de grandes grandes grupos económicos e com fortes e promiscuas ligações políticas têm rendas garantidas e lucro assegurado por dinheiros públicos. Faz todo o sentido rever os contratos de associação.
Não deixa de ser irónico que Passos Coelho venha usar os professores do ensino privado como forma de pressão, alertando para o risco de despedimentos, quando no seu governo a AEEP conseguiu acabar com o CCT do ensino privado e colocar em seu lugar uma documento que retira ao professor o tempo necessário para um trabalho digno e de qualidade colocando-os em 40 horas de trabalho quase todas em sala de aula com alunos!
Os professores do ensino privado em alguns colégios são obrigados a assinar uma carta de despedimento no dia em que assinam o contrato, para que possam ser despedidos a qualquer momento. Para os directores e donos destes colégios privados não está em causa a qualidade do ensino, a qualidade do serviço de trabalho ou as condições de trabalho dos seus colaboradores: está em causa unicamente o lucro que está assegurado e que com a revisão dos contratos de associação pode deixar de estar assegurado. Quando um colégio particular abre portas é uma empresa que tem de oferecer aos seus alunos um serviço que justifique o investimento familiar feito. Acho que todos têm direito a escolher o ensino privado... desde que o paguem!
É feio quando as forças políticas e económicas que ainda controlam este país utilizam a técnica do dividir para reinar. Fazem declarações erradas atirando os professores do ensino público contra o privado e deixando que profissionais do mesmo mister se insultem. Isso só ajuda a deteriorar ainda mais uma imagem já muito maltratada dos profissionais do ensino!
Podem dizer que é uma questão de opinião e que estamos a defender a escola pública. Nem todos os colégios particulares têm contratos de associação, muitos são empresas familiares que lutam todos os dias para manter os postos de trabalho dos seus colaboradores tendo como única fonte de rendimento as mensalidades que os alunos pagam: e é assim que devia ser em TODOS os colégios!
Podem dizer que a culpa de tudo o que corre mal na educação é dos professores, que ganham muito e trabalham pouco, tanto os do ensino público como os do ensino privado. Podem dizer que são eles os responsáveis... mas eu não me conformo!

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